A ETAR de Peniche compreende duas linhas de tratamento.
Cada órgão está equipado com um arejador mecânico submersível o qual tem a função de arrastar as gorduras e óleos em direção à superfície. Os óleos e gorduras são retomados por raspagem superficial através de uma ponte raspadora e são descarregadas, através de uma bomba de parafuso, numa fossa de gorduras.
As areias são assim extraídas através de um dispositivo especial e enviadas para um classificador com o objetivo de reduzir o seu teor em humidade e retirar boa parte da camada orgânica envolvente. Estas areias são depositadas em contentor.
Os sobrenadantes do classificador de areias, bem como do concentrador, são enviados para um poço de bombagem, de onde retornam para a obra de entrada.
O efluente segue então graviticamente para o reator biológico onde ocorre a eliminação de parte da poluição carbonácea e a retenção dos coloides existentes nas matérias em suspensão.
As elevadas cargas poluentes tornaram necessário o preconizar de um sistema de depuração biológica em regime de muito alta carga.
O fornecimento do oxigénio à biomassa em suspensão nos reatores é assegurada por dois compressores, cujo funcionamento será temporizado e ajustável no sistema de supervisão através de uma consigna de redox. A injeção de ar será efetuada por meio de difusores.
Dada a incapacidade da injeção de ar para promover a adequada agitação do meio, esta é complementada com agitadores submersíveis.
Cada tanque de arejamento está equipado com um analisador de redox e um de cloretos, que através da emissão de um sinal de 4-20 mA, transmitem os respectivos valores para o sistema de supervisão.
Antes da introdução no órgão de clarificação - Decantador Secundário - o efluente é desgaseificado à saída dos tanques de arejamento.
Os efluentes clarificados são recolhidos numa caleira periférica e conduzidos para um poço de bombagem onde através de uma EE intermédia são enviados à etapa seguinte – biofiltração.
A biofiltração constitui o tratamento biológico terciário e é levada a cabo numa bateria de quatro reatores biológicos – Biofors - os quais através da ação bactérias, que se encontram fixas sobre uma monocamada de material granular (biolite), em leito fixo imerso, asseguram o complemento da remoção do carbono e ainda uma nitrificação parcial. Os biofors funcionam com fluxos de ar e de água em contra corrente ascendente.
Após biofiltração o efluente é descarregado no mar.
No que respeita a linha sólida, as lamas em excesso produzidas são extraídas para os tanques de arejamento e destes para um flotador de lamas.
As lamas neste órgão serão removidas do efluente através de um sistema de insuflação de ar a alta pressão. O resultado é a formação de uma espessa camada de material flutuante, a qual será raspada por uma ponte raspadora e descarregada numa cuba de desgaseificação, a qual está equipada com um electroagitador de eixo vertical, destinado a acelerar o processo e a promover uma correta homogeneização das lamas. Esta câmara dispõe ainda de medidor de SST (Sólidos Suspensos Totais) que envia em contínuo valores para a supervisão.
Desta cuba as lamas são enviadas para um tanque de armazenagem. Seguidamente as lamas são floculadas à cabeça do processo de desidratação através da adição de um polielectrólito, preparado e doseado automática e continuamente. A desidratação das lamas é levada a cabo por centrifugação.
Também automaticamente é preconizada a estabilização química das referidas lamas pela adição de cal viva.
As lamas assim tratadas são depositadas em contentor e enviadas para valorização agrícola.
Na ETAR é igualmente preconizado o tratamento biológico de gorduras, quer as retiradas dos desengorduradores, quer as gorduras industriais rececionadas na instalação. O órgão de tratamento é o Biomaster, cujo princípio de funcionamento é o de uma lama ativada clássica, sendo a biomassa depuradora adaptada à degradação de gorduras.
Cada tanque de arejamento está equipado com um analisador de oxigénio dissolvido, com indicação local e no sistema de supervisão, cuja consigna inferior e superior definirá o funcionamento dos compressores de arejamento.
Para além do recurso a tempos de retenção da ordem das três semanas, é necessário ainda o fornecimento de nutrientes (azoto e fósforo) para garantir o equilíbrio do meio, bem como a adição de leite de cal (ião Ca2+) dado que este proporciona um forte efeito anti-espuma, ao provocar a precipitação dos ácidos gordos. Estes compostos são doseados por intermédio de bombas doseadoras.
Devido à natureza dos produtos tratados, a estação é, naturalmente, uma fonte de odores, pelo que é completamente coberta e desodorizada.
A instalação compreende um sistema de desodorização mista, formada por uma torre de biodesodorização por biolite, uma torre de lavagem química com ácido sulfúrico e uma torre de lavagem química com hipoclorito de sódio/soda cáustica.
A biodesodorização consiste em fazer atravessar os gases através de um leito de biolite no qual se desenvolvem microrganismos, os quais removem os agentes causadores de odores. As torres químicas constituem um sistema de adsorção gás-líquido.