A Igreja de S. José, recém-reabilitada e integrada no circuito de visita do Centro Interpretativo de Atouguia da Baleia, apresenta-se como um espaço cultural plural, acolhendo diversos tipos de atividades, de exposições temporárias a concertos, de conferências a teatros, de sessões de poesia a celebrações religiosas (em honra de S. José e de Nossa Senhora da Graça).
Contextualização histórica
A Igreja de S. José teve como primeiro orago Nossa Senhora da Graça.
A primitiva capela dedicada a Nossa Senhora da Graça terá sido construída no século XV, sendo contemporânea do Convento de S. Bernardino. Os seus fundadores também criaram, na Vila de Atouguia da Baleia, a Ordem Terceira de S. Francisco.
O templo foi renovado - ou feito um novo no local - em 1747, continuando com o mesmo orago.
A igreja foi afetada pelo terramoto de 1755, tendo as obras sido levadas a cabo com as contribuições dos fiéis e da então Câmara Municipal de Atouguia.
A alteração de padroeiro principal explica-se por uma doação, em 1807. O Pe. Gregório Viana de Azevedo agraciou a Ordem com a importância de 48000 réis para a construção de um altar dedicado a S. José. Estando a igreja a precisar de obras de beneficiação, o dinheiro foi aplicado nestas. Assim, e com o objetivo de respeitar a dádiva do eclesiástico, alteram-se as imagens, passando a estar no altar-mor, no pedestal de Nossa Senhora da Graça, a Imagem de S. José.
Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, este templo foi poupado.
No entanto, por alvará de 1869, com a extinção da Ordem, a igreja deixa de estar aberta para cerimónias religiosas, estando tendencialmente encerrada. Parte do seu espólio passou para a Santa Casa da Misericórdia de Atouguia da Baleia.
Com a Lei da Separação da Igreja do Estado, resultante da implantação da República, em 1910, este templo é incluído nos bens do Estado, sendo atualmente propriedade da Igreja Católica.
Teve vários usos não cultuais.
Até recentemente, a igreja abria aos crentes, para a celebração da Missa em honra de S. José, no dia 19 de março. A Missa era antecedida de Novena e, no dia 19, havia lugar a Festa, com baile, no Largo fronteiro.
Em 2004 iniciam-se as obras de requalificação – entre elas, a intervenção de conservação e restauro do retábulo-mor – e, em 2012, abre ao público, integrada no circuito de visita do Centro Interpretativo de Atouguia da Baleia.
Descrição arquitetónica e artística
Arquitetura religiosa, barroca; igreja de planta octogonal com contrafortes dispostos na diagonal. Frontispício orientado a S. com porta de verga em arco abatido com cornija saliente encimada pelas armas da Ordem Terceira; remate em frontão curvo de lanços com cruz latina, tendo no tímpano óculo em "trompe l'oeil"; contrafortes diagonais com cunhais de cantaria, abertos por fresta, cornija saliente a cuja altura se rasga campanário de quatro sineiras sobre o contraforte do lado esquerdo, rematada por corochéu de ângulos quebrados, flanqueado e encimado por pináculos.
Retábulo-mor em madeira entalhada, com policromia e folha de ouro; escultura de S. José, ao centro, ladeado por S. Francisco de Assis e Santa Bárbara.