HISTÓRIA E PATRIMÓNIO

ARQUEOLOGIA - SAN PEDRO DE ALCANTARA

O naufrágio mais célebre da extensa história trágico-marítima da costa de Peniche ocorreu a 2 de Fevereiro de 1786 quando o navio espanhol San Pedro de Alcantara naufragou junto aos rochedos da península da Papoa.

Neste navio, proveniente do Peru e que tinha como destino Cádis, viajavam cerca de quatrocentas pessoas, entre espanhóis, crioulos, índios e prisioneiros incas, envolvidos na revolta, alguns anos antes, encabeçada por célebre chefe índio Tupac Amaru.

O San Pedro de Alcantara transportava uma carga excepcional de mais de 150 toneladas de moedas de ouro e prata, e 600 toneladas de cobre, à qual se deve juntar o peso dos seus 64 canhões, de um lastro de quase 140 toneladas de pedra, de 100 toneladas de quinquina (planta sul americana), de seis toneladas e meia de cacau, e por fim da água e da alimentação necessária para o quotidiano a bordo.

Vergado pelo excessivo peso da sua carga, viria a naufragar na costa de Peniche desencadeando durante os três anos seguintes uma gigantesca operação de salvamento que, permitindo a recuperação de cerca de 90% da carga transportada, abalou a pacatez do quotidiano penichense.

Na sequência do naufrágio do navio espanhol San Pedro de Alcantara no qual viajavam cerca de quatrocentas pessoas, terão perecido neste fatídico acontecimento 128 passageiros, cujos corpos muitas vezes desfeitos pelas rochas e pela força do mar foram apressadamente enterrados, por populares e pelos frades franciscanos do Convento do Bom Jesus (situado nas proximidades) num improvisado depósito funerário localizado no sítio do Porto da Areia Norte.

No âmbito do projecto de investigação do navio San Pedro de Alcantara, desenvolvido por uma equipa de arqueologia liderada por Jean-Yves Blot e Maria Luísa Blot, foi possível identificar o local de 80 dos enterramentos e escavar perto de três dezenas, facto que possibilitou o desenvolvimento de um estudo antropológico definidor do sexo, idade provável à data da morte, tipo antropológico ou patologias de alguns dos náufragos, e na sequência do qual se confirmou a heterogeneidade antropológica dos viajantes do San Pedro de Alcantara.

Escavação arqueológica do depósito funerárioVista do sítio onde naufragou o San Pedro de Alcantara

Escavação arqueológica do depósito funerário | Vista do sítio onde naufragou o San Pedro de Alcantara

< Voltar

CONTACTOS

Largo do Município
      2520-239 Peniche

(+351) 262 780 100

(+351) 262 780 111

 cmpeniche@cm-peniche.pt


 





Subscreva a nossa newsletter e receba todas as novidades no seu email.