HISTÓRIA
Em 2007, teve início a obra para construção de um empreendimento urbanístico neste local. Os trabalhos de escavação resultantes colocaram à vista um importante conjunto de vestígios arqueológicos da época romana, possivelmente dos séculos I a.C. a III d.C.
No local, foram encontradas várias construções e materiais cerâmicos do período romano. Os trabalhos arqueológicos permitiram perceber que os achados se desenvolviam numa extensão de cerca de 400 m2.
Destes, destacam-se diversas estruturas em pedra pertencentes a um edifício cuja utilização ainda se desconhece. No entanto, a análise aos materiais arqueológicos e contexto histórico do sítio permite avançar com algumas hipóteses sobre a sua função:
- armazém de apoio à atividade portuária;
- estrutura de preparação e produção de preparados de peixe.
A par deste edifício, descobriu-se uma entulheira (núcleo de concentração de materiais cerâmicos descartados) com grande quantidade de fragmentos de ânforas, os contentores de transporte comercial por excelência da antiguidade.
PENICHE NA ÉPOCA ROMANA
Há 2000 mil anos Peniche era uma ilha. A sua localização geográfica e a presença de condições portuárias naturais, permitiram que tenha assumido importância no contexto da rota marítima atlântica que ligava o Mediterrâneo ao Norte da Europa. Este facto é comprovado pelos inúmeros achados subaquáticos identificados no fundeadouro da Berlenga e pela presença de um contexto de naufrágio na fachada Sul da costa de Peniche.
Encontra-se também identificado um complexo oleiro no sítio do Morraçal da Ajuda, a cerca de 200 metros deste local. Constituído por quatro fornos, estava centrado especialmente na produção de ânforas, destinadas ao envase de preparados de peixe, como era o caso do célebre garum. Para além de ânforas, estes fornos, propriedade do industrial Lúcio Arvénio Rustico, dedicavam-se à produção de outros materiais, como peças de cerâmica comum e de construção, pesos de tear e pesos de rede. Este sítio arqueológico permite inferir a importância económica que a pesca e indústria conserveira teriam à época neste território.
Também no sítio arqueológico da Rua Azeredo Perdigão, a realidade piscatória de Peniche nesse período é confirmada pela recolha de várias peças em bronze: pesos de rede, anzóis e placas utilizadas na rotulagem das ânforas. Uma dessas placas parece aludir a uma espécie ainda hoje muito apreciada: a sardinha.
NA ATUALIDADE
Curiosamente, o historial conserveiro deste local teve continuidade no século XX com a laboração, na primeira metade desse século, da Fábrica Centro Comercial de Conservas, Lda., também conhecida por Fábrica de Santo António da Ajuda, de que resta in situ a base da chaminé. Mais tarde, nas instalações desta antiga fábrica funcionaram uma taberna, um armazém de redes de pesca e uma oficina automóvel.
Em 2020, no âmbito da construção de um supermercado ALDI nas imediações, estes contextos arqueológicos foram reanalisados e devidamente registados. Optou-se, depois, pelo aterro do sítio arqueológico, ficando assim este preservado e salvaguardado para o futuro enquanto reserva arqueológica.
Mesa Interpretativa - Sítio Arqueológico da Rua Azeredo Perdigão
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